tag:blogger.com,1999:blog-3033442482596324260.post8587139018242248039..comments2023-10-03T16:12:34.972+02:00Comments on ROSASIVENTOS: ROSASIVENTOShttp://www.blogger.com/profile/12945169008507082159noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-3033442482596324260.post-21948081460841813402008-01-06T14:59:00.000+01:002008-01-06T14:59:00.000+01:00"Quando a dor no peito me oprime, corre o ombro, o..."Quando a dor no peito me oprime, corre o ombro, o braço esquerdo, surge nas costas, tumifica a carótida e dá-lhe um calor que não gosto; quando a respiração se acelera em busca duma lufada que a renasça, o medo da morte afinal se escancara (medo-mor, tamanha injustiça, torpeza infinita), aperto a mão da Irene, a sua mão débil e branca. Quero acordá-la. E digo : «não me deixes morrer, não deixes...» Penso para comigo, repito para me convencer: «esta pequena mão, âncora de carne em vida, estas amarras suas veias artérias palpitantes, este peso dum corpo e este calor, não me deixarão partir ainda...» E aperto-lhe a mão com força, e acabo às vezes por adormecer assim, quase confiante, agarrado à sua vida. Ah, são as mulheres que nos prendem à terra, a velha terra-mãe, eu sei, eu sei ! São elas que nos salvam do silêncio implacável, do esquecimento definitivo, elas que nos transportam ao futuro, à imortalidade na espécie (nem teremos outra) pelo fruto bendito do seu ventre (eu sei, eu sei...)"<BR/><BR/>Luiz Pacheco, in "Comunidade", Contraponto, 1964~pihttps://www.blogger.com/profile/03764489520805103985noreply@blogger.com