o que recordava então era que podia ser outra estação ou o fim de um tempo de vidro teu - o teu tempo ali assim primeiro sentado depois de pé quase um pé. quase esticado o corpo lento como os gatos ainda antes de quando de súbito
abriste uma janela
que me apressei a fechar-te no meio do peito sabia que todo o cuidado era pouco que morrerias facilmente como tudo o que me tinha morrido nas mãos tudo o que podia cair e ficar rente ao chão ao abrigo de casas e edredons
tudo o que ignorava porquê.
era inverno um inverno onde os cabelos continuamente molhados secos baços.
os teus não se viam ou raramente ou se por causa desse brilho mais abaixo chamemos-lhe olhos e digamos que havia aquela cor lá dentro
talvez não tenha ainda pronto o nome a dar à cor
(ou eras tão mais branco tão menos branco como de facto eras?)
inventava ali um cuidadoso mapa de água.
a fulguração momentânea do sol qualquer coisa animal que se lambia à superfície e flutuava
perfeitamente imóvel
3 comentários:
belíssimo texto...
também muito bonito o blog.
inventava neles um cuidadoso mapa de água.
inventamos o desejo e os seus caminhos...
Oi R&V
Os teus escritos são fortíssimos, muito intensos, muito poderosos, fazem os mortos levantar-se e os vivos ver como são as coisas sob olhos comidos.
Voltarei para te ler melhor, passei uma diagonal sobre vários posts e acabei a comentar aqui.
Obrigada.
Stella
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