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vol au vent


,

.


















havia laranjas no chão espalhadas.
do interior da terra a dança desenhada como se
planta fora só e apenas
 (e só e tão-só de ser planta se dançara):
precisa e dérmica
do lado mais estático da seiva
rebentava:
uma imensa descarga qual tempestade -
a água veloz silvando anunciada
filtrava fronteada a nudez da pedra
 (corpos duros como insectos em seus virgens olhos
 por força descolados
ao calor da estrada.)





like in a filme



Como no interior de um filme no interior de uma cabeça
Sabes quantas são as imagens impossíveis?
ou no interior de um poema
Fecharei a porta do quarto com o som do meu saxofone durante toda a eternidade
Venham Buscar-me que eu Don’t mind
Tenho que acreditar que no maior esmagamento do lábio estará a maior força do sopro
A Redenção
Eu que toco com o ruído da doença em fundo
Deformando o maxilar do silêncio numa dança quase imperceptivel

NO, IT'S NOT SO FAR...

No, it' not so far, New York's right here, darling! 
Do que sofremos: 
de uma dor para a qual existem poucos nomes: 
de chegando o tempo se afundar por aqui afastando de novo toda a rua todo o edificio todo o automovel para um interior onde chegando todas as coisas se partem. 
Deve ser isso, darling, que nos faz desejar e parar o nocturno gesto como se valesse pouco a pena um beijo de despedida poder ser o de chegada. 
New York? It' right here, baby 
(sendo que estaremos sempre longe do sitio certo).

NYork - ça me semble loin

.


as missões impossíveis grudadas no frasco a cada moeda saíam várias cores, balões e missões variadamente compactas. A lua também quis entrar no frasco estava cheia como um rebuçado da régua antigo.

nem sexo nem apaixonamentos nem datas marcadas para respirações aceleradas apenas a loucura eminente - um papel e já era louca, escreviam.

juro que queria só ir jantar e ouvir as notícias do mundo - talvez do teu, nadas do seu: as notícias dos sons, a sua inconsistência consentida no momento fugaz de palavra ou guincho suspenso ou voz doce da montanha chamando a água, 

juro que isso era puro ali logo à mão e logo ali a caminho do seu pré-desvanecimento. 



  













 .

e


 .

escreve: quanto mais perscrutarmos o passado mais longe ficamos quanto mais alonjarmos o olhar em frente mais ténue o horizonte escreve: estou fodido escreve: já tenho idade para não me apaixonar facilmente escreve: como foi possível como foi possível eu que pago os impostos e que toco free jazz e sopro o saxofone escreve: que merda é esta que merda é esta para lá do sexo da vagina da cona sete montanhas para lá escreve: eu que vou soprar nova iorque que vou soprar nova iorque como foi possível o momento não é o ideal para se lançarem grandes projectos que até podem ser muito bonitos o momento é uma ameaça a projectos que já viva a economia as finanças mas eu vou soprar a nova iorque mas como é que me deixei levar para lá das sete montanhas como é que fui parar para além do tempo escreve: estou fodido a melodia entorta


.

 .

repito
esquece o morno da pele
o labio cheio
a palavra amor (saiu sem querer, desculpa, não a queria pronunciar)
esquece o cigarro na madrugada
repito
esquece o copo de leite fresco e os risos frescos cansados dos amantes levemente soltos no terraço como gatos frescos ligeiros na sombra no telhado
confidências esquece-as
e esquece o renovado escuro transpirado no regresso ao quarto sôfrego
esquece o meu sexo furando transcendentemente
e a palavra querer desculpa: não a quis dizer foi sem querer
transcendentalmente
esquece que te quis analmente
esquece
que agora o que desejo é procurar o som a qualidade do som do saxofone com que farei a melodia para nova iorque


.

.

o quarto é um quadrado de silêncio opaco respirado com urgência
depois do sémen depois da boca gostas de fumar
escreve:
quanto mais se pensa no passado mais ele se afunda até ao nosso desaparecimento
quanto mais se pensa no futuro mais ele se alonja ao impensável
a cama é um rectângulo de silêncio asfixiado pelos teus gemidos
escreve:
escreve:
agora tenho que me preocupar com o sopro e o som e a melodia que tocarei em nova iorque


.

.



eis senão quando apesar e porém 

da saída se abre:

o silêncio estala labareda e

deserto de cobre:

- dizia que se exorcisava  

- dizia que dizia e repetia que saía

do implodir presumível do acto parado

da inserção lívida do esgoto 

da ponte curva amestrada

da duração incerta do lugar comum

do lugar nenhum de 

nenhum lugar

da porta dum só sentido à língua selada

do musical torcicolo do

sal na pele entrecortada.




.

 .


sair para a rua
sair de casa
sair da sala onde se leccionou
sair da sala onde se tocou

sair de casa
sair do seu olhar

levantar-me do sofá e caminhar na direcção da porta


sair da possibilidade do seu abraço que há muito não

sair do palco
com calma
como se nada fosse
o passo

tocou-se o que se tocou
tocou-se o que se tocou tocou-se o que se tocou

vou sair, disse-lhe



.

.





a raposa falou de si e da sua facilidade em destronar
la voluntad de perdurar en nosotros.

vulpes disse que morreria a seguir ao príncipe
mas afinal ficou ali mesmo, determinada a esvair-se em lenta descoloração

a raposa falou do outono próximo como duma estação de comboio abandonada
onde o resto da sua lama se apagasse nas patas da espera ao primeiro dia de chuva

(nada ladina, a raposa - sombra da outra raposa que assediara galinhas ou
sua prima das uvas que nunca houvera tão verdes como tecera o fabulário.)



.

.


Vou sair: vou sair a rapariga que assistiu ao concerto disse: não lembro estou tão cansado de ter que convencer cansado de ter que trocar o som pelo sexo pelo pão pelo acompanhamento de um sorriso pela merda de uma moeda


 .


.


percebe-se quando se percebe que o muro grande é pouco menor do que a altura da cabeça
pouco maior
quando se percebe
a senhora que atendeu na loja do saxofone disse: não lembro
daqui a pouco a hora e um realinhar de horizontes
o almoço
a mesa a água o pão
como um intervalo para a questão
tudo tem o momento desse momento
essa a história

quando sair
quando sair vou dizer:vou sair


.

tender para um grande silêncio



~









as amoras silvestres lembravam amigas antigas nascidas viúvas


sem qualquer intenção de viver pralém do primeiro olhar

[ admirava-as por isso, esmagava-as docemente e logo eram

compota e água na língua - memorizada







alegram-se os panos cinzentos que vão tapando o céu.

a caminho do palco deve ainda chover.

nesse canto me escondo. nessa luz

e nada a esconder: a melodia torta, directamente torta, um berro, o choro, ao silêncio maior de palavras. cada vez maior

nada a dizer: daqui ali - daqui ali: a melodia torta, directamente torta

é verdade: o vazio a encher a encher a encher

adormeço surpreendido por mais uma vez não ter já acabado





o meu vazio é enorme.
a minha solidão é enorme e profundamente minha.
a minha solidão é enorme e profundamente minha -
e sou eu dela como não gosto de ser.
nenhuma palavra me cala a dor.
a dor é enorme e inflamatória.
nenhum corpo me acalma a vontade de desaparecer.
desespero é a música que sopro.
pensam que é vida em festa.
mas o meu vazio é grande.
muito grande.
guardo o saxofone amplificador: colocar fora pela boca o nada que me sou.
soou.
suou.
não sei porquê o escuro.
também não penso sobre os motivos que me levam a soprar todas as noites.
adormeço espantado por tudo isto ainda não ter terminado.












TIC s e TAC e assim


[ sim-sim estruturante o pulmão da tarde a seres por aí perdido de portos no cume ondulatório das árvores e eu rã-coroada-ali de vesido de cauda

nua de lentes intra-focais
por todos os lados a circunspecção enigmática das montanhas de silêncio ecoam emes de xises de mantras omprolongando se nos ecos de
sempre eu a balir alongada numa prolongação silenciosa terminada em caves geladas de criptogramas e fungos frescos

de poços profundamente alterados - take me down-down-down
a colher do vermelho odores a groselhas silvestres acidulações como ainda a preto e branco um bergman silvestre orvalhal

a rebolar pelo chão acocorada na descoberta da gestualidade pura derrotada atrás do corpo instintivo das rosas
nós progredindo de gatas - lombares de chuvas o chão às tantas apenas curvas as páginas as lágrimas de medo liquidamente - submerso-cais de adormecer por esperar

abrigada a meio do dia que abre a janela fresca de abertas palavras recta ondulação brisas qualquer dia por acaso hoje dia de todos os prováveis nadas
ventos transportando a doçura take me take me now

mudas línguas luas carris de casas-carris devolvidos assim a balançar asas cansadas a soltar asas - patas de aves a
semear açucenas na sopa da fé a morder e o pão de sempre a mastigar-me numa convexidão consentida,

formigar: permanecer à tona o volume preciso
da primeira matéria da respiração profunda jugular meu-teu-rio-de-sul-a-norte pequeno comboio-meu-só-criança à volta da sala - gotas de vidro liso fervendo as primeiras-primeiras das muitas-muitas gotas pareciam águas - que águas

que agora ser de tão-virgem-viagem-silêncio - de tão ver de verdade - de mais dentro que adentro verdade - de joelhos sempre e sempre dois de ser um-quase agora-nunca-nada-mais-a-descodificar -
surpreendem-me as ervas mais ignoradas a sorrir à minha objectiva de arma sem olho nem bala
surpreendem-me a sorrir à minha verdade à pele assim clara - tão limpa e calada,










porque:
vou contar que apetece tanto falar e fico calado:
acontece ir na rua e apetecer tanto falar e continuar calado:
a voz do saxofone é a minha:
será como o som antes de se enrolar em palavras:
os urros
os gemidos

e o silêncio

apetece dizer-te e

os urros
os gemidos

e o silêncio


em escala até ao silêncio
o som curvo ocupar coisa da palavra
quanto mais fio de melodia maior oco como aumento de vazio
o concerto como silêncio
o concerto como fundo muito fundo
que dizer
como fundo muito fundo
muito fundo








esse calor de anúncio

que encaminha rectamente os povos

num balanço agourado

esse calor recto - faca perfumada

[ esse riso de junho a dezembro

traz-me reis de penas e palavras

ai flores do verde piño breve acaso

alambreados gestos esboçados

a dolência do pó o bafo a cor dourada

e a dança - uma-só-dança

dorida magoada [ e magoada









~



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( ? where their nexxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxt nest )








.








de tudo me enchi



das-águas

dos bolsos de mim




dos b arcos dos



passos


herdados [ no fim














"desaparece o som com uma facilidade surpreendentemente: a dificuldade de o fazer surgir quando se pretende e como se deseja: moldá-lo: para que nos sirva servirmo-nos dele servindo-nos: servir-se ele de nós nesta espécie de voz única: este canto que atravessa o corpo com o espeto do tempo: escrevo da melodia, da improvisação, do regresso ao tema, etc (anoto do etc); e como é igualmente: complexo o domíno do sopro, da língua, da articulação, da pressão dos lábios sobre a palheta de modo a que o som desapareça em silêncio e nós com ele sem pretensão de eco

para uma boa interpretação musical são necessárias muitas horas de prática técnica diária sobre o saxofone
desaparecer com qualidade exige longas horas de prática técnica diária sobre o saxofone
a imagem: existir distância alguma entre o sopro que da boca sai em vida de som aos dedos que morrem no frio das chaves
entre: a vontade que tenho de te rever e o corpo que te não pode tocar"







.


metais









há um corpo de seta em riste no fruto dos dias

uma acre antiga perfurante metabólica herança


] nadando rés-vés ao sabor de cristal





há um fio despido de branco dolente de frio

um arco de fogo na linha dos pés prumo ao rio

] anacronias de elipse espiral






.




"inconsciente baixar à penumbra,
a pálpebra, a persiana,
como que para melhor ouvir o fio que se desenrola dentro da cabeça:
a melodia surgirá de um sopro no escuro em procura cega:

o sopro ecoando a culpa


"

.

















havia um rio frac-cionado


um rio-des-conhecido


] um delta, não-dois, um rio,

que engrossara

inpel-ido a rosas e

ventos

era assim um rio

embeb-ido

um delicado rio

in-delido,

[ ou-via o murmú-rio limpo

das canas-no-rio


] su-ave-asso-bio,







.






.



quando o encontro é entre pessoas que se conhecem nada ou pouco: o modo de estar é diverso e a haver conversa será diferente:
quando a questão aflorou o porquê e o sentido de ensaios regulares entre músicos que esforçam a improvisação como modo de tocar:
quando o encontro acontece entre pessoas que se conhecem bastante, muito, de jeito íntimo, a conversa poderá ser mais profunda, atravessar a pele, as melodias significativas
(dispensando até a própria a palavra)

apetecer falar-te agora pode parecer uma conversa entre dois estranhos
há tempos que não te escuto soar
desenvolvi entretanto uma técnica de singin`blowing
etc e etc
etc e tal





.



.



"slow dance": john coltrane (saxofone tenor) with the red garland trio (red garland, piano; paul chambers, contrabaixo; arthur taylor, bateria).

"se eu quisesse endoidecia": terá sido herberto.



.




.









[[ e deus disse


faça-se uma coisa par ce lar

e aguda <

uma coisa chamada eterna-

-sombra-manchada-de-verbo s


] e façam-se corpos e almas e todo o av e sso


[ e todas as coisas se fizeram

de imediato


e deus viu que era bom e que também era

pés simo e

so r riu e

chor ou


des contente da sua obra

[ fachada e nó-cego ]]

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