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regressei. continuo sem imagens. mas conto como tudo se passa: uma sala, uma sala eu e o saxofone: e uma melodia escrita. é como se passa: ler. pode demorar até que se saiba todos os sons que uma página contém. mas não é segredo impossível o toque. tal como se escutou já da fundamentalidade da leitura com instrumentos musicais. fecha-se os olhos. encerram-se os olhos para mais ver. e o que se vê se não se afigura em símbolos ou em palavras. é outra coisa. é outra coisa. já dei por mim a soar vozes que não sabia em mim. não consigo falar duas horas após o concerto. continuo sem imagens. não lembro as histórias mais importantes. o início da revelação é duro. um salão de solidão a doer. um tempo a doer com a porta da rua fechada. um saxofone como um martelo como um machado. não há segredo. o trajecto é a interpretação. a interpretação é a luz. a luz é a cegueira clara de um novo quarto encerrado. entrar ou não entrar. e jamais nos tornamos deus. músicos, aprendizes. mas o que pretendia mesmo era sair. e descansar em paz no teu colo. sem revelação alguma. os lábios cansados do sopro. morder-te com força o pescoço. penetrar-te violentamente por trás. foder-te. comer-te a cabeça. gritar mortalmente no teu sexo: salva-me


4 comentários:

un dress disse...

de um salão de solidão a doer:

dos lábios cansados do sopro:

da luz que cega clara:

descansa-te e arde




~~

un dress disse...

beijO :)

K disse...

Seja o grito dado...mas não há salvação...Resta a suave melodia de saxofone ao longe na memória das coisas...

José Alexandre Ramos disse...

cru e belo. Boas Festas.

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