agora que o vento abrandou e a noite se assumiu descansando-me o passado em pecados segredos
a máquina chupadora do futuro me aspira para a direcção em que os meus olhos abertos
de susto usado
as minhas mãos em palma horizontal ao céu
tudo parece mais calmo
ouve:
podem os meus olhos abertos de susto usado perceber outra indefinição
como um tempo que se não desliga
a tua voz
com uma grande esperança é enorme qualquer medo
é enorme a morte quando se acredita
compreendo-te
ouve:
como te compreendo o pequeno tamanho da ilusão
mas agora que me confundo no luto o meu canto diz mais coisas
quase nada
meu amor ou flor ou café e livros e laranjada e praia e casa e saxofone e música
e sinto-me capaz de aguardar em silêncio quase infinito com os meus olhos de susto usado
um sobressalto teu
um gesto ao acaso
um instinto pulo como um desalinho sem querer de bicho
do cabelo
de um verso em falso
ouve:
como no final se sabe melhor qualquer início
e depois
9 comentários:
agora que a noite assumiu as trevas
que levas agora
que levas
as trevas
...
Lirismo à toda prova: o sentimento sendo desfiado palavra por palavra. Parabéns. Abraço, Phylos
Estou baralhada, não sei se já passei por aqui a agradecer a gentileza da tua visita e das tuas palavras. Seja como fõr prefiro faz~e-lo em duplicado do que não o fazer de todo.
Tens uma escrita muito bela. Gostei de te ler 8e tenho mesmo a sensação de que já estive aqui)
Um beijinho, resto de bom feriado
belo, mas mais durante...
silêncio
quase
infinito...
Ler os teus textos é entrar dentro de nós e descobrir remotos sentimentos.
"Olhos de susto usado" :)
**
...palimpsesto...
e depois, rosasiventos... recomeço, recomeço, recomeço. um beijo.
Enviar um comentário