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guardei o saxofone na sala desarrumada





atravessa-me um zumbido de surdez: a interminável tarde





custa adormecer um corpo cansado




(fechando os olhos revejo todas as melodias experimentadas)






as linhas que anoto procuram mais uma vez explicar





o quê





se tivesse passeado contigo





se amanhã te encontrar o olhar





que invenção podem ser os meus dedos nos teus nos meus dedos





não há verdadeiramente um receio:

entendo que não há uma paixão menor:





mas um destino errado conhecido:




a boquilha, o tudel, o sabor seco da palheta, o movimento independente dos dedos, a cobra que da boca sai em sopro e ao ouvido torna em língua surda de

o apartamento, a filha, a chuva lá fora, a noite no olhar, a distância a percorrer, o esforço assente em passado já gasto




a solidão da surdez

4 comentários:

Ana Maria Costa disse...

Belo...


Abraços!

entredentes disse...

é sempre fácil e aprovável adoecer!
(e até morrer!)

L.Reis disse...

...e haverá um destino que seja errado ?...

Joana Roque Lino disse...

se amanhã me encontrares no olhar, gostaria de ter um saxofone nas mãos e um abraço para te dar. um beijo e boa semana.

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