guardei o saxofone na sala desarrumada
atravessa-me um zumbido de surdez: a interminável tarde
custa adormecer um corpo cansado
(fechando os olhos revejo todas as melodias experimentadas)
as linhas que anoto procuram mais uma vez explicar
o quê
se tivesse passeado contigo
se amanhã te encontrar o olhar
que invenção podem ser os meus dedos nos teus nos meus dedos
não há verdadeiramente um receio:
entendo que não há uma paixão menor:
mas um destino errado conhecido:
a boquilha, o tudel, o sabor seco da palheta, o movimento independente dos dedos, a cobra que da boca sai em sopro e ao ouvido torna em língua surda de
o apartamento, a filha, a chuva lá fora, a noite no olhar, a distância a percorrer, o esforço assente em passado já gasto
a solidão da surdez
4 comentários:
Belo...
Abraços!
é sempre fácil e aprovável adoecer!
(e até morrer!)
...e haverá um destino que seja errado ?...
se amanhã me encontrares no olhar, gostaria de ter um saxofone nas mãos e um abraço para te dar. um beijo e boa semana.
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