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há a voz, o seu registo, o âmbito que vai do primeiro ao último som, do mais grave ao agudo; parece evidente a melodia ser posterior ao rasgo de dor, ao impulso para bailar,
parece transparente à notação como expressão de um grito, de um riso máximo

contido pela garganta profunda conter toda a rouquidão de um peito a possibilidade de um saxofone tenor; menor é a voz contralto na suspensão constante do que sentir do que pensar do que entoar – ocorre que se pode vir a ser sempre pior, ocorre que não será bem verdade o império da emoção, jamais um solo se constrói sem domínio apurado de todas as chaves de todos os dedos de todo o saxofone

em viagem, em regresso tardio como uma espécie de fuga (melodia que se persegue a si própria, melodia que permanentemente persegue outra melodia) surge-me ainda a sonoridade do saxofone soprano passível de se arrumar mais facilmente; de aguda lâmina o corte assumido de vez, o sangrar assumido de vez, a dança feérica tombando sem concessões para o nível máximo, que o baile do sangue será inevitável em festim primeiro e último, em fuga de quê em escapando porquê a sua dimensão permitirá outra leveza para que direcção, muito mais fácil de arrumar na questão de que bagagem para que viagem

na janela de todo o trajecto nocturno o reflexo do que te vi durante a tarde
devia ter tocado os teus lábios





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