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em tempos o ritmo da frase orientou o do som o da melodia; o músico respirava aquando o silêncio no poema, o saxofone por inventar suspendia-se com a vírgula, o ronco entoava a palavra amar ou a alma abandonada
um engenho de frio descendo em pálpebras
em tempos a voz humana era uma lâmina de corte: todos os acessórios instrumentos amparando o golpe
torno ao tubo curvo como se regressa ao de onde se nunca saiu - duvido que exista algo para lá da alma espantada, do seu pulmão, da sua respiração, da sua garganta, da sua boca, da língua, dos seus lábios cortados, dos ouvidos sobreviventes, da aranha dos dedos em chaves de pérola, do frio do tubo, da curva que entorna, do engenho de frio descendo em pálpebras, do calor nas costas transpiradas, da sensação de póstuma paz, eterna
em tempos fazia-se música assim: assim
a métrica variava de acordo com: de acordo com
a improvisação era imanência: imanente
o tempo: o tempo
a alma espantada é uma grande atrapalhação: por onde sai se tem que sair: por onde se organiza se tem que se orientar: o que é o som que me aperta o peito sem o engenho de frio descendo em pálpebras como: exercícios de mecanismo / exercícios de dedos / exercícios de articulação / exercícios de escalas em intervalos de terceiras, de quartas, de quintas de sextas, de sétimas
à segunda-feira o calendário inicia de arder com um pouco de gelo nos lábios

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