Às quatro e meia em ponto tenho um aluno, às quatro e quinze repego no saxofone, farei o aquecimento, que pautas lhe proporei.
Anotei mais do que uma vez: um grande amor e seria sapateiro.
Um grande amor e seria merceeiro ou bancário.
A janela aberta para a noite, o seu corpo deitado em lençóis adormecidos, a vontade de tocar.
Silenciosa.
A vida continua a acontecer connosco dentro.
Continua-se a surgir com vida no interior.
O instinto de sobrevivência faz quase tudo.
As cartas ligam aos astros e estes a uma das faces.
A poesia é uma das faces.
A música.
Fazer de um desses modos o modo único é a morte.
Às quatro e meia em ponto tenho um aluno, às quatro e quinze repego no saxofone, farei o aquecimento, que pautas lhe proporei.
Mas, repito, um grande amor e seria sapateiro.
Silencioso.
Muito silencioso.
Pela palavra surge a rima, a ondulação, a hesitação, o calor ao ouvido e a erecção inesperada, a convicção assertiva, a multidão, o silêncio barulhento, o silêncio absolutíssimo.
A morte continua a acontecer connosco dentro.
Continua-se a surgir com morte no coração.
O instinto de sobrevivência faz quase tudo, tem andado comigo, tenho andado com ele por aí, por vezes muito ao longe.
Gostaria que tudo terminasse atrás de um balcão.
Beijo.
[ de ROSASIVENTOS a 24.9.08
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