já alguma vez foste imortal como uma dança de momento ou uma melodia surpreendente
juro que esta tarde te levaria para longe
levar-te para longe
para onde se possa despertar sem pressa para perguntar
amor?
já morreste quantas vezes?
para a terra
para onde se pudesse adormecer sem o medo de que não regressasses
ou partisses
é que há tanta distracção para além da ferida
para longe onde as aves não nos abandonam ao eco
ao estampido
pegava em ti e levava-te para a terra
promete-me como um tiro exacto
onde é a casa
11 comentários:
Nenhum longe é suficiente
Nenhum aconchego é refúgio
Juras?
eu regressava de novo para ler este belíssimo poema. não sei quantas vezes já morri, mas antes da próxima vez, ler-te-ei mais e mais e mais, como um tiro exacto. muito belo. um beijo.
Oi R&V
Amor mais que maior deitares-te assim nas mãos de alguém.
Eu sei que nunca morri, mas já me mataram muitas vezes e eu, eu também já matei.
Falando literariamente, pois eu também vou noutro sentido.
Obrigada, fizeste-me sentir a lonjura do desapego a tudo, menos à ideia de amor, quer consubstanciada, quer etérea.
Stella
Morremos tantas vezes! Haverá sítio assim onde nos sintamos imortais nos sentimentos?
Tu tocas fundo nas fragilidades de todos nós.
Acho que somos felizes na exacta proporção das vezes que morremos...
:) ***
morremos e acordamos sempre.
morro e ressuscito...sempre a cada dia...é a minha auto renovação
gostei mesmo
a casa é nómada
a terra é sempre a mesma.
Gostei de ler.
**
a casa é lá, onde levas o tiro exacto, onde tornas terra a sua ausncia, ondes as promessas fazem eco, e batem-te como martelos
que adianta dizer-te?
Morri duas vezes.
Não adormeci nunca.
Não sosseguei nunca.
Já tive doces e amargos despertares.
Já tive medo
Tenho medo agora
Assusta-me mais que tudo o medo de ter medo
gostava de adormecer uma vez
sem medo
sem peso
adormeçer de descanso
quando desse subitamente por mim cansada de brincar às vidas
Adormecer simplesmente numa cama feita de penas e voar para casa no dorso de uma ave
até brincar com as borboletas
distrair-me
e ir morrendo
as vezes que forem precisas
até por fim adormecer
se pudesse ser...
Era bom!
Isabel
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